Capítulo 7 - Ela facilitou as coisas

Nicolas POV

Linda.

Quando a loba desconhecida caminhou pelo corredor em direção ao altar, essa foi a única palavra que me veio à mente. Seu aroma quente e rico de flores silvestres pairava no ar, enchendo meu interior de desejo e adoração.

Nunca tinha visto uma loba tão linda antes. Fiquei maravilhado.

Meus olhos percorreram seu físico impecável, pequeno e tonificado. Embora minha estrutura massiva de 2,03 metros facilmente a ofuscasse, ela caberia perfeitamente em meus braços protetores.

Fui atraído como por um canto de sereia por seus olhos cinza, nublados como uma tempestade. Eles me chamavam para entrar nas águas profundas e turvas, onde um labirinto de segredos esperava para ser descoberto. Eu estava determinado a pilotar aquele navio, explorar cada ângulo e desvendar todos os segredos ao seu redor.

Meu membro se contraiu ao ver seus lábios carnudos e rosados, e soltei um suspiro alto. Já podia sentir seus beijos sensuais dançando sobre minha pele sensível enquanto meus dedos se enredavam em seu volumoso cabelo preto como azeviche.

"Você está babando, Alpha," disse meu Beta e amigo mais próximo, Ronan, ao meu lado.

Soltei um rosnado baixo de surpresa, e Ronan riu em seu punho. "Não posso deixar de notar como você está reagindo à presença dela," disse ele, levantando uma sobrancelha provocante.

Revirei os olhos com um bufar. A habilidade de Ronan de detectar até a menor mudança no meu humor era algo que eu odiava.

"Quem é essa loba?" perguntei, esperando afastar os pensamentos lascivos, e felizmente Ronan não me deu tempo para ler o arquivo que ele me entregou antes de virmos para cá. Acabei de descobrir que tínhamos que ir a uma importante cerimônia de acasalamento após retornar de uma viagem de negócios.

"O nome dela é Zara Silverwood," ele disse. "Ela é a única herdeira do Pack Silverado e filha do Alpha Rico e da Luna Rita."

"Uma loba prateada," murmurei para mim mesmo. Isso explicava por que a cerimônia era tão grande.

Lobos prateados são lobos abençoados pela deusa. Os packs escolhidos foram abençoados com diferentes habilidades especiais e receberam uma marca prateada única para diferenciá-los. Era um aviso para os renegados e outras criaturas ficarem longe.

"Interessante," disse, cruzando os braços sobre o peito. Uma loba se tornando Alpha e líder de um pack abençoado era uma ocorrência incomum.

"Totalmente," Ronan respondeu. "Ela escolheu seu Beta para se tornar seu companheiro."

Isso me surpreendeu ainda mais, e franzi as sobrancelhas em desconforto com esse fato.

Meus olhos se voltaram para o companheiro escolhido, observando-o posicionado no altar, ajustando suas roupas.

"Ele parece um pouco ansioso," comentei.

Ronan concordou com um simples aceno de cabeça.

"Tenho observado ele," respondeu. "Ele parece estar muito desconfortável com essa cerimônia de acasalamento."

"Mas?" perguntei.

Eu tinha a sensação de que Ronan já tinha feito perguntas sobre o casal prestes a se acasalar.

"Um dos guerreiros do pack me disse que o Beta Levi conhece a futura Luna muito bem," respondeu.

"Como se fossem melhores amigos?" perguntei, franzindo as sobrancelhas. Isso era um fato interessante. Me pergunto por que ela escolheria seu Beta como companheiro e não um Alpha.

"Sim," ele respondeu. "E para completar, os arranjos de acasalamento foram feitos às pressas."

Por que ela faria isso?

Será que ela estava grávida?

Desci apressadamente da minha cadeira quando Zara de repente olhou para cima com uma leve inclinação da cabeça e seus olhos piscando entre preto e prateado. Acho que sua loba deve ter me farejado e agora estava ciente da minha presença.

"Por que você está agindo de forma tão estranha?" Ronan bufou ao meu lado.

Me recostei na cadeira, revirei os olhos para ele e cruzei os braços ao redor da cintura.

Por que Ronan estava tão focado em mim hoje? Eu realmente estava me comportando de maneira tão estranha?

"É melhor você contar a ele," sugeriu Ray, meu lobo. "Ele pode ajudar."

Ray estava certo. Pelo menos, contando a Ronan, ele poderia me manter fora de problemas.

"Porque, meu amigo," eu disse. "Minha segunda chance de companheira é aquela loba ali que está se acasalando hoje."

Nunca imaginei que realmente diria essas palavras em voz alta. Parecia tão certo, mas ao mesmo tempo tão errado.

Minha mão imediatamente se moveu para o bolso interno superior esquerdo, onde estava guardada com segurança uma velha foto da minha companheira destinada, Isabella. Eu mantinha a foto dela comigo o tempo todo como um lembrete constante para nunca esquecê-la ou aquele dia terrível.

Suspirei.

Isabella era perfeita em todos os sentidos. Ela era cheia de luz e calor, e seu sorriso podia afastar a chuva. Ela dançava pela casa do pack, cumprimentando e conversando com os membros enquanto cuidava de suas necessidades, seus lindos cabelos dourados sempre balançando ao redor do rosto.

Seus grandes e deslumbrantes olhos azul-esverdeados estavam constantemente radiantes de alegria e vitalidade. O pack a amava profundamente. Ela era incrível; era sábia e gentil.

A única falha de Isabella era que ela tinha sido abençoada com um lobo Omega. Mas isso não me impediu de reivindicá-la como minha. Eu a amei no momento em que pus os olhos nela.

Meu corpo parecia como se uma corrente elétrica tivesse passado por ele, e meu coração doía no peito. Ainda posso sentir a dor crua de perdê-la naquela noite.

Lágrimas se acumularam atrás dos meus olhos, ardendo para serem liberadas. Isabella faleceu ao dar à luz. Nosso filho morreu com a mãe.

Essa era nossa maldição—apenas lobas fortes e de alta patente podiam dar à luz um filhote de Alpha.

Pisquei as lágrimas de volta, balançando a cabeça para afastar os pensamentos tristes.

"Isso é fantástico!" Ronan exclamou animado. "Vá e interrompa a cerimônia. Precisamos levar nossa Luna para casa."

Balancei a cabeça.

"Não posso!" respondi.

"Por que não?" ele perguntou.

"Por causa de—"

"O quê?" o beta de Zara gritou, me interrompendo e parando a cerimônia.

Um sorriso apareceu nos meus lábios. Ela deve ter contado a ele seu pequeno segredo.

O que me confundiu. Por que ela contaria a ele?

"O que acabou de acontecer?" Ronan perguntou, confuso, voltando sua atenção para a cerimônia.

"Acho que minha companheira acabou de contar ao seu companheiro escolhido que estou observando os eventos," retruquei, recostando-me no assento.

"Parecem estar em uma discussão acalorada," ele comentou. "Por que não consigo me livrar da sensação de que toda essa cerimônia está errada?"

"Isso não é algo que eu possa responder," respondi. "Ela ficou distraída no momento em que entrou."

"E você é a razão para isso," ele comentou, voltando a me encarar.

"Talvez eu seja," dei de ombros.

Ronan balançou a cabeça, e um sorriso surgiu nos cantos dos meus lábios.

"Pare de ser um idiota," ele rosnou. "E vá reivindicar sua companheira. Ela está bem ali."

"Não sou capaz de fazer isso," disse, apontando para ela enquanto estava no altar e continuava com a cerimônia. "A decisão dela foi tomada. Ela deseja se acasalar com seu Beta."

"Mas você já tomou sua decisão?" Ele perguntou, descrença cruzando seus olhos.

"Ela facilitou," respondi. "Além disso, não importa."

"Vamos, Nic!" Ronan sibilou. "Isabella se foi há três, quatro..."

"Cinco!" eu o interrompi. "Faz cinco anos."

Ronan soltou um suspiro, balançando a cabeça.

"Você sabe, Nic, minha irmã gostaria que você fosse feliz novamente," ele disse, seus olhos suplicantes.

"Ela não é Isabella," eu rosnei.

"Justo," ele comentou, levantando as mãos defensivamente. "No entanto, deixe-me lembrar que encontrar sua segunda chance de companheira é raro. Deve haver uma razão pela qual a deusa uniu vocês dois."

"Como a razão pela qual ela me uniu a Isabella?" eu retruquei. "E agora ela se foi. Ela e meu filho."

Ronan passou a mão pelo rosto e suspirou profundamente. A morte de sua irmã o machucou tanto quanto a mim.

"Não é segredo que Isabella estava doente," Ronan disse. "O médico te informou sobre os problemas de saúde dela."

"Se ao menos eu não a tivesse engravidado," murmurei com raiva. "Ela ainda poderia estar..."

"A doença eventualmente a consumiria," ele interrompeu, cortando-me. "Agora pare de se culpar, crie coragem e vá buscar sua companheira antes que eles decidam marcar um ao outro."

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