Atualizado de Hostage para Houseguest
Lola
Ele olhou para ela com um olhar significativo e depois apontou com o queixo para as mãos amarradas. "Eu preciso fazer xixi."
"Ah."
A tensão no ar estourou como um balão.
Ela piscou. "Certo. Sim. Isso é... justo."
"Quer dizer, a menos que você queira que eu faça xixi na sua cama."
Ela fez uma careta. "Por que você é assim?"
"Porque eu estou amarrado a uma cama há boa parte do dia por uma mulher que me sequestrou no Burning Man e me alimenta com iogurte de limão. Eu tenho direito a um pouco de extravagância."
"Tudo bem," ela bufou. "Mas se eu te desamarrar, você tem que jurar de dedinho que não vai me matar."
Ele franziu a testa. "Desculpe... o quê?"
"Você me ouviu. Jurar de dedinho. É legalmente vinculativo de onde eu venho."
"Você é louca."
"E você é quem está amarrado a uma cama por alguém louca. Então... lide com isso."
Com um gemido de sofrimento, ele estendeu o dedinho o melhor que pôde das restrições. Lola envolveu o dela ao redor do dele e deu um firme aperto.
"Pronto. Oficial."
"Você é certificavelmente louca," ele resmungou.
"Já fui chamada de pior."
Lola começou a desfazer os nós, o que levou alguns minutos, já que eles estavam intrincadamente amarrados e ele puxando só os tinha apertado mais.
Estou impressionada comigo mesma. Essas algemas trançadas foram super eficazes e funcionaram como aquelas algemas chinesas de dedo. Provavelmente nunca serei capaz de recriar essa obra-prima. Que pena.
Uma vez que suas mãos estavam livres, ele flexionou os pulsos, rolou os ombros com uma careta e lentamente se sentou. Santo Deus, ele era alto. Agora que não estava mais amontoado como um croissant triste, ele tinha membros longos, pele bronzeada e músculos que não tinham direito de parecer tão esculpidos.
Deveria ser ilegal esse homem usar roupas. Santo Deus. Aquela linha em V levando até os shorts dele... Eu quero lamber.
Ela pigarreou e muito intencionalmente tentou não olhar.
"O banheiro é por aqui," ela murmurou.
Ele a seguiu pelo corredor, movendo-se como alguém ainda recuperando a mobilidade total. Ou um predador que sabia exatamente o que estava fazendo.
Na porta, ele parou. "Privacidade?"
Ela deu uma risada. "Você quer privacidade agora?"
Ele a olhou diretamente nos olhos. "Eu ainda não te matei. Isso me dá direito a uma porta fechada."
"Touché." Ela fez uma pequena reverência e se afastou, pegando uma garrafa de água da geladeira para manter as mãos ocupadas.
Quando voltou, a porta estava entreaberta, vapor saindo pela pequena fresta. Ela parou do lado de fora, pretendendo bater ou chamar—
Então ele falou. "Ainda aí?"
Lola pulou. "S-sim?"
"Eu preciso de shampoo."
"Você já está no chuveiro?"
"Você me desamarrou. O mínimo que posso fazer é não cheirar como se tivesse saído de uma orgia no deserto."
Ela deu uma risada e empurrou a porta apenas o suficiente para deslizar a garrafa pelo balcão.
Ele era uma silhueta atrás da cortina—alto, largo, do tipo que fazia seus joelhos ficarem fracos. A água corria em filetes pelo forro transparente, destacando cada curva do torso dele e o movimento dos braços enquanto ele passava a mão pelo cabelo.
"Você está olhando."
"Não estou."
"Ahã, eu posso sentir através da cortina do chuveiro."
Lola abriu a boca para retrucar—
“Pensei que você não confiasse em mim,” ele gritou por cima do barulho do chuveiro. “Mas você me desamarrou e agora está me assistindo tomar banho. Isso é um bom sinal?”
“Eu também te ouvi fazer xixi como um filhote de veado aprendendo a andar, então não vamos tirar conclusões precipitadas.”
Ele riu. Uma risada profunda, rica e calorosa. “Você é estranha.”
“Diz o cara que tomou banho no banheiro do seu captor sem permissão.”
“Você me ofereceu iogurte e encanamento sem supervisão. Isso é praticamente uma lua de mel.”
Lola revirou os olhos, encostando-se na pia. “Você está aproveitando isso demais.”
“Eu poderia dizer o mesmo sobre você me assistindo.”
“Eu não estava assistindo—”
“Quer que eu saia para você dar uma olhada melhor?”
Ela engasgou com a própria saliva.
“Estou brincando,” ele disse, mas havia um sorriso na voz dele, “em sua maioria.”
Ela se virou para sair, as bochechas queimando.
Quando estava prestes a chegar à porta, ele acrescentou, “Lola.”
Ela parou.
“Estou falando sério. Obrigado… por não entrar em pânico. E pelo travesseiro. E pelo iogurte.”
“Não fique sentimental comigo agora.”
“Tarde demais.”
E ela sorriu, apesar de si mesma.
“Além disso, vou precisar de algo para vestir. Não posso colocar aqueles shorts amassados de novo e eu pediria meu moletom de volta, mas tenho certeza de que provavelmente está fedendo.”
Moletom... de volta? Ah, deve ser dele que eu acordei vestindo. Bem, ele não parece tão chato quanto o guarda-roupa de festival dele sugere.
Recém-saído do chuveiro, irradiando calor, exalando cítricos e sabão limpo e uma energia masculina convencida como se fosse um anúncio de colônia. E ele não estava dando espaço para ela. Não, ele estava bem atrás dela—perto o suficiente para que os pequenos pelos em sua nuca começassem a se arrepiar. Ela se agachou em frente ao armário, amaldiçoando-se em silêncio por não ter pensado à frente. Ou se movido mais rápido. Ou ser imune ao homem muito vivo atrás dela.
“Você está realmente pairando,” ela murmurou, mexendo em uma caixa de plástico no canto.
“Certificando-me de que vou pegar uma calça que não corte a circulação,” Enzo disse. Sua voz era preguiçosa. Curiosa. Perigosa.
Ela puxou um par de calças de moletom dobradas e se levantou, sacudindo-as. Pareciam... bem. Gastas. Macias. Não eram o estilo dela. Definitivamente não eram o estilo dele.
Enzo estendeu a mão e pegou as calças das mãos dela—seus dedos roçando nos nós dos dedos dela ao fazer isso.
Então sua voz, quieta mas deliberada: “Essas são do seu ex?”
Lola congelou. Sua garganta se apertou.
“Sim,” ela disse finalmente. “Uma das muitas contribuições duradouras dele para minha vida: calças de moletom e problemas de compromisso.”
Enzo segurou-as na altura da cintura. “Vão ficar apertadas.”
“Melhor do que você andando por aqui só com uma toalha, confiança e nada mais.”
Sua boca se curvou. “Você pode admitir que gosta da toalha.”
“Estou a um comentário de te dar um top cropped também.”
Isso lhe rendeu uma risada suave e calorosa que de alguma forma ecoou no peito dela. Ela se virou para sair—porque continuar olhando se tornaria um problema—mas Enzo não se moveu. Não até ela passar por ele, seu ombro roçando acidentalmente no peito dele. Parecia como se estivesse encostando em estática.
A batida na porta veio assim que Enzo terminou de vestir a camisa de dormir dela, que era enorme para ele. Uma das favoritas dela—macia, desbotada e estampada com um guaxinim de desenho animado deitado no chão ao lado de um garoto alto, com as palavras 'Selvagem' escritas embaixo. Nela, funcionava como um vestido aconchegante. Nele, mal cobria o cós da calça de moletom que ela havia tirado da caixa de doações. E essas calças de moletom? Muito do ex dela. Muito apertadas.
Quero morder essas coxas. Não, mantenha a boca fechada. Você não conhece esse homem e acabou de prendê-lo em sua casa na última metade do dia. Vai ter sorte se ele não chamar a polícia.
Ela se moveu para interceptar a porta, mas Enzo já estava caminhando à frente, descalço e convencido, como se agora fosse o dono do lugar. O ar ao redor dele havia mudado agora que ele não estava mais amarrado e sujo da noite no festival.
A porta se abriu.
Baba Yaga estava lá, segurando um recipiente de ensopado e lançando um longo olhar julgador para Enzo.
"Bem, bem," ela disse, completamente imperturbável. "Provavelmente eu não teria desamarrado você. Você é bonito demais para andar livremente por aí."
Lola gemeu. "Baba..."
"Estou só dizendo," ela continuou, entrando como se não tivesse presenciado uma situação de refém naquela manhã. "Um minuto você está amarrado e olhando feio, no outro está meio vestido com a camisa favorita dela, como se isso fosse uma suíte de lua de mel."
Enzo não perdeu o ritmo. "Passei de refém a hóspede."
"Estou vendo isso." Ela colocou o ensopado no balcão. "E usando a camisa dela também? Você se move rápido." Havia um toque de travessura no rosto dela que Lola estava tentando não notar.
"Eu não tinha exatamente opções," ele disse, puxando o cós. "Ela me deu isso da caixa do ex."
Baba levantou uma sobrancelha e olhou para Lola. "Você deu a ele as calças do ex-namorado?"
"Eram as únicas que mais ou menos serviam!" Lola retrucou.
"Servem?" Baba deu mais uma olhada em Enzo. "Porque essa camisa está a um esticão de virar um top cropped."
Enzo riu, despreocupado. "Eu faço funcionar."
Baba entregou o ensopado para Lola. "Baixo teor de sódio. Porque eu me importo com seu pequeno coração, mesmo que você tome decisões românticas questionáveis."
"Isso não é uma 'decisão romântica', mas obrigada, Baba," ela murmurou, com as bochechas coradas.
Baba acariciou seu rosto carinhosamente. "Ele é gato. Não estrague tudo."
E então ela se foi—sandálias brilhantes batendo no corredor, moletom esvoaçando atrás dela como uma capa. Lola se virou, a tempo de ver Enzo se servindo do ensopado. Ela estreitou os olhos. "Você nem sabe em qual gaveta estão as colheres."
Ele sorriu. "Isso não me impediu. Você ouviu ela—sou gato."
Lola encolheu as pernas debaixo de si no sofá, com uma tigela de ensopado meio comida na mão. Enzo sentou-se ao lado dela—tecnicamente não muito perto, mas ele ocupava tanto espaço que parecia que ela estava a um piscar de olhos de tocar coxa com coxa. As calças de moletom se agarravam a ele de uma maneira que a fazia querer confessar pecados que nem havia cometido. E a camiseta oversized dela—que normalmente batia no meio da coxa—mal cobria o cós dele.
Ela não conseguia parar de notar.
Ou a maneira como ele se espalhava pelo sofá como se pertencesse ali. Como se não tivesse passado a maior parte do dia amarrado à cama dela. Como se não a tivesse quase derretido com aquela tensão de quase-beijo enquanto ela procurava algo para ele vestir. Ela levou a última colherada de ensopado à boca e lambeu as costas da colher, então percebeu Enzo a observando.
“O quê?” ela disse, desconfiada.
Ele apenas deu de ombros, preguiçoso e divertido. “Nada. Só pensando em como você me sequestrou e agora está me dando sopa e roupas. Um belo upgrade e a situação de refém mais estranha em que já estive.”
Ela revirou os olhos, mas o canto da boca tremeu. Eles caíram em um silêncio confortável, exceto pelo som ocasional das colheres. Lola continuava lançando olhares furtivos—para a maneira como o braço dele se estendia pelo encosto do sofá, a barba por fazer no queixo, os hematomas leves nos pulsos onde a corda havia apertado quando ele tentou escapar. Finalmente, Enzo quebrou o silêncio.
“Então…” ele disse, devagar e casual. “Aquele ex-noivo que Baba mencionou…”
Lola enrijeceu. Aqui está. A parte complicada. O porquê de eu ter ido ao Burning Man com um gremlin falante como Gino. Ela se inclinou para frente, colocando a tigela na mesa de centro com um leve tilintar.
“Não há muito o que dizer,” ela disse cuidadosamente. “Ele era charmoso. Me senti segura por um tempo. Dizia todas as coisas certas e, então, aos poucos, começou a tirar tudo sobre mim que ele não gostava.”
Enzo não disse nada, mas sua atenção se intensificou. Ela podia sentir isso.
“Me fazia sentir louca por ser apaixonada. Dizia que meu trabalho era uma fase, mesmo eu já o fazendo há uma década. Fazia piadas sobre meus amigos até eu não ter mais nenhum, e os que restaram não acreditaram em mim quando terminamos e ficaram do lado dele.” Ela olhou para suas mãos, flexionando os dedos. “Eventualmente, percebi que não me reconhecia mais. Então ele foi escoltado para fora da minha vida há alguns meses.”
Uma longa pausa.
Então, suavemente: “Bom.”
Seus olhos se ergueram.
“Bom que você saiu,” Enzo disse, sua voz mais baixa agora. “Ele parece um homem fraco que não conseguiu lidar com uma mulher forte. Isso não é culpa sua.”
Lola piscou. Isso... não era o que ela esperava. “Você nem me conhece,” ela murmurou.
Ele deu a ela um olhar que era intenso demais, honesto demais. “Você me amarrou, me deu iogurte de limão e me vestiu com roupas tão apertadas que estou a um movimento de perna de cometer um crime. Sei o suficiente.”
Ela deu uma risadinha. “Crime, é?”
“Não aja como se não estivesse olhando.”
Ela escondeu o sorriso por trás da mão. “Você tem sorte de eu não ter desenhado um bigode de canetinha no seu rosto enquanto dormia.”
“Eu te desafio,” ele disse, sério.
Seus olhos se encontraram novamente, e desta vez o olhar se prolongou. Aquela carga lenta voltou a se acender entre eles—mais pesada agora, eletrizada pela tensão, pelo ensopado e por algo não dito.

































































































































